sábado, 30 de junho de 2018

Lições de sábado 349

"Arbeit macht frei". O trabalho liberta. Quando ouvi falar de Auschwitz pela primeira vez, não podia imaginar o que judeus e não judeus passaram ali. As minorias étnicas, como eram chamadas pelo Terceiro Reich de Adolf Hitler, estavam sendo lentamente dizimadas durante os seis anos de guerra e não havia nada que se pudesse fazer para protegê-los. Levados em vagões de gado, depois de vários dias de viagem, eram despejados em campos de concentração, para trabalhos forçados ou para morrer nas câmeras de gás e terem seus corpos cremados nos fornos, ironicamente chamados de "padarias". Dali não saíam pães, mas cinzas, que faziam parte da "Solução Final", que Hitler e seus seguidores engendraram para eliminar aqueles que não pertencessem à "raça ariana". A Segunda Guerra Mundial assumiu contornos inexplicáveis à medida que o exército alemão avançava nos territórios vizinhos, primeiro "anexando" a Áustria e depois invadindo a Polônia, onde ficavam os campos de Auschwitz e Birkenau, relatado no livro "Cinco chaminés", de Olga Lengyel, que acabo de traduzir. Nunca tinha lido um livro sobre a guerra ou os campos de concentração, pois me bastaram os inúmeros filmes a que assisti, mas nada como um livro para colocar todos os pingos nos is. E os livros mais publicados ainda são sobre a Segunda Guerra. O período de 1939 a 1945 ficou imantado nas mentes e corpos humanos que o atravessaram e ainda fascinam os relatos sobre as estratégias para dominar o mundo e saqueá-lo, extirpando-o de todos os seus bens. Para combater os alemães, italianos e japoneses, que formaram o Eixo, o mundo precisou inventar máquinas e bombas para derrotá-los. Graças aos cientistas e inventores da época, foram criados ou aperfeiçoados os submarinos, os detergentes, os computadores, os paraquedas, a esferográfica e a bomba atômica, entre outras maravilhas do século 20. Mas o sofrimento e o esforço humano para sobreviver à guerra, a Resistência francesa, as conspirações e a espionagem para derrubar o Führer extrapolaram todas as medidas conhecidas. E os fantasmas da guerra ainda nos assombram, mesmo com o aviso de seis milhões de judeus mortos de que não se pode permitir que isso se repita. Depois de traduzir esse livro, ainda sonhando com Auschwitz-Birkenau, um campo de trabalho e de extermínio lado a lado de uma estrada de ferro, eu me pergunto como foi possível que isso acontecesse. Na história da Humanidade, continuamos pasmos diante de atrocidades desse tipo. O culto da maldade parece não ter cessado no pós-guerra. A Alemanha terá sempre essa mancha - e terá de se redimir por todos os que sofreram por isso. A pintura de Gustav Klimt, de Adele Bloch-Bauer, é um símbolo dos quadros roubados pelos nazistas, que somente foi restituído após uma batalha judicial. Há muitos outros que não foram devolvidos ou continuam desaparecidos. Por mais que se estude e leia sobre o período da Segunda Guerra Mundial, há muitos mistérios que ainda não foram revelados.

30/06/2018 - 11h07