sábado, 24 de agosto de 2013

Lições de sábado 84

Um dia, acordamos sóbrios. Um dia, a vida se apresenta como nunca se apresentou antes, e temos a certeza de que desse dia nada passará. Não somos tão peremptórios assim. Desejamos que tudo seja definitivo, e nada é. Desejamos fazer coisas pela última vez, e elas se repetem. Desejamos que tudo dê certo, e dá errado. Desejamos tantas coisas, que passamos mais tempo a desejá-las do que a fazê-las. Só se faz quando se está pronto, e isso acontece sem que percebamos. Nunca premeditamos o acerto. Ou o fazemos, ou não. O erro é a única forma de acertar. Ou de procurar o certo. Arrependemo-nos de erros que gostaríamos de não ter cometido, mesmo sem querer. Não erramos de propósito. Isso já seria crime. 

24/08/2013 - 9h30


sábado, 17 de agosto de 2013

Lições de sábado 83


Quem foi que disse que não nascemos para sofrer? Acho que é impossível separar o sofrimento da vida. Se toda vida é feita de esforço, insistência e luta. Por menor que seja nosso empenho, sempre precisamos ter paciência, que é uma forma pacífica de lutar. E o que não se faz força para conseguir, se algum modo, mesmo em pensamento, é menos valorizado do que aquilo que nos entregamos para realizar. Podemos aprender a não sofrer, mas isso não elimina o sentimento. Podemos fazer algo sem esforço, mas não elimina a dedicação. Podemos conseguir algo sem querer, por merecimento, mas não deixamos de ter nos empenhado em nosso propósito de não desistir. Resistir às dificuldades, ou contorná-las é a única forma de sobrevivência, como o rio que escoa seguindo a lei da gravidade. Assim nos deixamos levar, ao sabor dos ventos, para onde temos de ir, se não soubermos o nosso destino. Mas ao escolher um, fazemos tudo que nos cabe para atingi-lo. E se não pudermos, outro destino nos será dado em troca. E este será aquele que teremos de viver.

17/08/2013 - 13h39

 

Frontispício da Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto. Foto de Vitor Vogel. Maio de 2013.


sábado, 10 de agosto de 2013

Lições de sábado 82


Quando se pensa que se encontrou uma resposta, descobrimos que temos outra questão, outra pergunta sendo feita. E aí há um desacerto para que procuremos novamente uma solução. Nunca estamos sossegados até descobrir que não há questões que nos tirem a tranquilidade. Para isso, estamos sempre dando a chance de nos trazerem problemas. Não há problema que não possa ser solucionado. Se não houver saída, não é um problema, é um sinal de que não há desenlace. É um não-caminho, um desvio de rota, uma mudança de curso. Um imprevisto que nos coloca em outro caminho. 


10/08/2013 - 7h57

sábado, 3 de agosto de 2013

Lições de sábado 81


Tudo que nos acontece é para nos preservar de algo pior, sem que saibamos. A falta de algo supre uma ausência que desconhecemos. Um atraso nos preserva de um engano, uma negativa, de um desastre. Sempre estamos a um passo do erro ou do acerto. O que nos mantém na rota são as invisíveis mãos e olhos que nos conduzem para onde devemos ir e veem o que não enxergamos. O que nos é dado nos basta, e nada nos desvia de onde devemos ir. Tudo é preciso e precioso. O que recebemos, a justa medida do bem.

3/08/2013 - 8h37