sábado, 28 de dezembro de 2013

Lições de sábado 110

Hoje, último fim de semana do ano ensolarado no Rio de Janeiro, queria que o tempo passasse mais devagar para aproveitá-lo bem. As tardes, que são lindas, poderiam durar um pouco mais, e o tempo seria mais gentil com o que temos de fazer. Por mais que se façam coisas, nunca fazemos todas, e há algumas que parecem que não andam. Arrumamos o que tem que ser feito com o que se fará, e sabemos o que descartamos, pois nunca poderemos fazê-lo. Há perdas e profundas separações, e saudades e atrasos, em que olhamos para nossa própria vida como se fosse de outro. O que traria comigo que é meu? De fato, isso já está aqui. E o resto deixamos pelo caminho. E estar aqui a falar sobre isso me acalenta e não me deixa entristecer. Porque dentro de nossa finitude, há uma sensação de infinito que não cessa.

28/12/2013 - 9h59


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Lições de sábado 109


O amor é uma coisa para lá de engraçada. Primeiro, não sabemos como ele começa. Depois, ele não avisa quando vai embora. E, enquanto fica, não se sabe o que vai acontecer. Ou seja, não sabemos nada, nem quando vamos começar a amar novamente, ou sobre quem já amamos há muito tempo. De repente, descobrimos que alguém sempre foi importante e... nada mais aconteceu. O amor é um desperdício bem calculado. Enquanto não temos a menor ideia do que fazer, aprendemos, a todo instante que só sobrevivemos com ele.

27/12/2013 - 20h27



quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Lições de sábado 108

Eu sempre lembro do meu professor de História Geral, Heródoto Barbeiro, no cursinho do Objetivo, em 1976, falando da Alemanha do pré-guerra: "E a república?" "Vai mar... Vai mar..." Hoje ele é jornalista de um telejornal, e de todos os professores e todas as aulas durante aquele semestre, só me lembro das dele. Deve haver um bom motivo para isso. A pixação da estátua de CDA me deixou indignada. Como dizia meu avô Trajano de Barros Camargo, no mundo há gente para tudo e ainda sobra gente para mascar fumo. Ele tinha razão. Uma das razões é não ter noção nem perspectiva histórica. Sem saber quem é Drummond, pixa-se a estátua dele ou arrancam seus óculos. "É necessário ter-se uma visão histórica para não se ter uma visão histérica". Quem disse essa frase, Roberto Campos, nosso eterno Bobby Fields, sabia o que estava dizendo. O que nos leva de volta às minhas aulas de História com Heródoto Barbeiro, jornalista, historiador, professor e advogado, nascido em 1946. Deve ser por isso que eu gostava tanto das aulas dele: por prezar a história contemporânea que ele lecionanva, tanto ele quanto o professor de História do Brasil. Quem pixou a estátua de Drummond deve ter sido reprovado em História e em todas as matérias que cursou, incluindo a de civilidade. Deixem em paz as estátuas. Elas estão lá para nos lembrar quem eles foram, e não para serem agredidas nem depredadas. Drummond escreveu "Papai Noel às avessas" por um bom motivo. Ele sabia que há pessoas que andam para trás.

25/12/2013 - 18h26

Lições de sábado 107

O ano novo antecipou-se. Como todo mundo sabe que depois do Natal vem o Ano Novo, já começaram a comemorar o réveillon, que é o que interessa. O Natal vem como entreato, após o Dia de Ação de Graças, que entra como preâmbulo para o Natal. Não desfazendo da importância do nascimento de Cristo, mas como sabemos que é pró-forma, ninguém se atém aos detalhes. Fazemos do Natal uma antecipação para o Ano Novo, porque todo mundo está de olho no que virá, não no que passou. Assim soltam fogos, comemoram do mesmo jeito como se fossem embarcar num transatlântico. Aliás, a ideia de juntar o Ano Novo com o Natal foi do Papa Gregório XIII, em 1582, quando ele inventou o calendário que usamos até hoje. Além de tirar dez dias do ano e redatar tudo que aconteceu antes, passou o Ano Novo para uma semana depois do Natal, que já era comemorado em 25 de dezembro desde o século IV (o ano novo anteriormente era comemorado em 1o. de abril), passando a comemorá-lo em 1o. de janeiro, dia de São Basílio, que também distribuía presentes, como São Nicolau (que virou Papai Noel), comemorado em 6 de dezembro. O que importa hoje é o sincretismo de uma data que era celta e depois virou cristã, carregando a árvore de Natal (um símbolo celta) com o nascimento de Cristo (antecipado) e o réveillon para fazer logo duas festas de uma vez. Espertinho esse papa. A propósito, ele se achava dono do mundo. O calendário gregoriano (o nosso) leva o nome dele. Fogos de artifício no Brasil é para festa de São João, em junho, mas já que estamos comemorando, vamos celebrar do jeito que a gente sabe, soltando fogos. Feliz Natal!

25/12/2013 - 18h21


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Lições de sábado 106

Dia de Natal parece sábado. Um sábado que é a preparação para o domingo, que é o Dia do Senhor, como na liturgia católica. Domini Dei. Por isso Vinicius disse que "há perspectiva de domingo, porque hoje é sábado", mas se não é sábado e sim véspera de Natal, outras histórias vêm à mente como a do "Conto de Natal", de Dickens, em que Mr. Scrooge não gosta de gastar nem uma tora de lenha a mais para aquecer seu fiel empregado. E passa a noite de Natal tendo visões dos Natais passados, presentes e futuros. Em que Natal fomos felizes? Que Natal gostaríamos de ter? Que Natais teremos no futuro? A noite de Natal serve como reflexão, mesmo que não se acredite em todos os seus símbolos, de tão misturados que já foram em 2.000 anos de história. A celebração pelo retorno da primavera já era conhecido entre os celtas. O solstício de inverno para eles representava isso, mas não existíamos nessa época. Aqui o solstício de verão tem outra representação. Por isso Papai Noel barbudo com seu trenó puxado por renas não se encaixa em nosso país tropical. Mas os símbolos falam por si só, mesmo que sejam múltiplas as explicações. É fim de ano e por isso já temos muito que comemorar. Agradecemos pelo novo Papa, o Homem do Ano, que unificou todas as religiões num só pensamento de paz. Agradecemos por Mandela que ensinou o mundo a ser igual. Agradecemos pelas nações buscarem um pouco mais de união e cordialidade. Civilidade deve ser ensinada. Nascemos brutos, como diamantes não lapidados. É preciso aprender a ser humano, isso se ensina, isso se aprende. Feliz Natal a todos, aos de perto e aos de longe. Que todos os símbolos nos sirvam como guia para redescobrirmos a noite de Natal.

24/12/2013 - 12h55

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Lições de sábado 105

Há amores que não passam. Não, o amor não passa. Podemos mudar de lado, de vida, de instante, mas aquilo que fomos no momento em que amamos nunca se dissolve. Somos pouco para o amor que sentimos. Não damos conta de quantas pessoas amamos profundamente. Não conseguimos falar com todos os amigos, todas as pessoas importantes em nossas vidas. Vivemos nos lembrando de alguém que gostaríamos de ter falado e terminamos sem falar. Somos negligentes e relapsos quanto a dar conta do nosso amor a todos que amamos. Então, quando tiver chance de expressar o amor que sente, faça-o. Poderá não haver outra ocasião para isso. Expressar alegria é a melhor forma de confirmar o amor que se sente. Senão nunca poderá ser registrado. E ser imensamente grato pelo amor que damos e retribuímos. Algumas coisas só acontecem uma vez. Nunca se sabe quando se repetirão. A repetição é um luxo com que não podemos contar. Amor exige presença. E presença é hoje.  

18/12/2013 - 17h42



domingo, 15 de dezembro de 2013

Lições de sábado 104


A amizade é o primeiro elo entre os seres. Da mãe por seu filho, do filho por seus pais, do irmão pelo irmão, o amor filial, fraternal, maternal, paternal não passam de amizades com laços sanguíneos. A amizade sem o sangue é o mesmo sentimento por pessoas que conhecemos ao acaso, ou nos são apresentadas pelo destino. Essa amizade inexplicável é o que nos aproxima de pessoas de quem não sabemos nada e, subitamente, nos vemos envolvidos por um amor profundo e sem razão. Dizem que não escolhemos a família, mas podemos escolher os amigos. E viver apenas com eles. Mesmo que a família se disperse, e nos afastemos dos parentes, não nos afastamos dos nossos amigos. Esses que a vida escolheu para nós e nos oferece, para que os aceitemos ou não. Nada na vida é para sempre, mas certos amigos têm o dom da perpetuidade. Onde quer que estejamos, eles nos acompanham. O que quer que façamos, eles nos apoiam. Há amigos inesquecíveis. E que amamos mais do que a outros. E mesmo que não os vejamos, estão em nosso pensamento. Esse amor é o que nos mantém acima de todas as coisas que possam nos afetar. Se eu fosse Aladim, e tivesse a lâmpada mágica, e me fosse concedido um desejo, eu pediria um amigo. O maior tesouro do mundo. 

15/12/2013 - 20h30 

 

domingo, 8 de dezembro de 2013

Lições de sábado 103

A vida dói, porque é intensa. Dói, porque a vemos pelo avesso, porque a vemos por dentro como ela é. Só nós sabemos o que nos custa amar e viver. Por isso dói como nada mais consegue doer.

7/12/2013 - 10h40


Lições de sábado 102

Quando aprendemos docemente tudo que nos ensinaram e trazemos para o presente o que nos foi dito transformamos o aprendido em fato e o ensinamento em história.

7/12/2013 

 

sábado, 7 de dezembro de 2013

Lições de sábado 101


Como diz Breton, "só acontece o que não se espera". Ao sair da bem ajustada linearidade dos trilhos, encontramos não apenas um novo caminho, mas o que deveríamos descobrir. E dentro da novidade do inesperado, inventamos um novo equilíbrio, uma nova forma de nos manter inteiros, mesmo perdendo parte de nossas referências. Habituamo-nos rapidamente às novidades. O que era antigo, torna-se novo, e o que costumávamos fazer, deixamos de lado. A nova experiência traz tudo que precisamos saber. Como um livro novo que acabamos de comprar e abrimos suas páginas pela primeira vez. A novidade é tudo. E traz em si mesma um sentimento inesquecível. Tudo que fazemos pela primeira vez fica, ou que fazemos com o coração, atentos, despertos. Não só o primeiro fica. Ficam aqueles a que nos dedicamos inteiramente. Só vivemos o que podemos nos lembrar.

7/12/2013 - 8h00