terça-feira, 13 de junho de 2023

Lições de sábado 377

Dia 13 de junho é um dia enigmático, não só pelo que ele carrega em si, mas pelos seus acontecimentos. É dia de Santo Antônio, dia do nascimento de Fernando Pessoa, dia de Ogum, santo padroeiro no Rio de Janeiro e na Bahia, e da abertura das festas juninas no Brasil. 

O Brasil é um lugar de celebrações. E ainda é o Dia do Turista, esse ser que se aventura por tantos lugares só para tirar fotos e dizer "Eu estive aqui". 

Santo Antônio é o de Lisboa, aquele que foi tirar o pai da forca, saindo de Pádua e atravessando a Europa a pé. Santo Antônio é casamenteiro, carrega o Menino Jesus e também cuida das crianças e ajuda a encontrar objetos perdidos, dando uma força a São Longuinho. Ajuda a conceber filhos e traz proteção e prosperidade, por isso as casas em geral têm a imagem de Santo Antônio junto à porta, além de Nossa Senhora de Fátima e de São Jorge. 

Santo Antônio de Lisboa nasceu em 1195 e morreu nesse dia em 1231, um santo católico para ninguém botar defeito. Meu pai era devoto dele. Ele me dizia que toda vez que eu passasse em frente a uma Igreja de Santo Antônio, entrasse e desse uma esmola para os pobres. 

Em 1373, Portugal assina, com a Inglaterra, a Aliança Luso-Britânica, a mais antiga aliança entre nações ainda em vigor. Não é à toa que eles trouxeram D. João e a família real portuguesa ao Brasil nos seus navios para protegê-los de Napoleão. Amigo é para essas coisas. 

Santo Antônio veio de Portugal, a reboque dos portugueses, que trouxeram também o São Jorge, herdado dos ingleses, mas aí já é outra história. Santo Antônio ajudou os portugueses a expulsar os franceses do Rio de Janeiro e por isso ergueram uma igreja no alto do monte, no Largo da Carioca.

Em 1808, foi criado pelo Príncipe Regente D. João, o Jardim Botânico, onde antes era uma fábrica de pólvora e um cemitério de escravos. Está lá até hoje, com suas palmeiras imperiais e plantas de todo o mundo. 

Em 1917, aconteceu a segunda aparição de Nossa Senhora de Fátima, em Ourém, aos três pastorzinhos, deixando Portugal em suspense até 13 de outubro, quando aconteceu a última aparição. A Primeira Guerra ainda iria acabar no ano seguinte e ela confidenciou às crianças três segredos, que até hoje tiram o sono dos papas. 

Quando eu era menina, aprendi a fazer simpatias para saber com quem eu iria casar, colocando papeizinhos dentro de uma vasilha de água à noite, no dia 12 de junho, como os nomes dos meninos de quem eu gostava, e o papelzinho que amanhecesse aberto, seria o do escolhido. Aprendi com minha babá portuguesa, Zulmira, que entendia tudo de Santo Antônio.

Há tantas lendas e mitos em torno do santo que nos espantamos com sua presença constante. Mesmo sendo um santo católico, ele atravessa os tempos seguindo incólume, como o defensor dos desvalidos, dos desprotegidos, dos que precisam de auxílio de qualquer tipo.

A fé move montanhas e os homens são movidos à fé. Não sei no que acreditam, mas algo os faz seguir adiante. Se não for para casar e ter filhos, é para prosperar e defender o lar. Um santo tão querido tinha que ser de Lisboa, esse lugar ancestral de nossos antepassados. 

Feliz aniversário a Hariklia, minha amiga greco-brasileira, que nasceu nesse dia, com a proteção de Santo Antônio. 

13 de junho de 2023 - 10h08