segunda-feira, 19 de maio de 2014

Lições de sábado 135



Vivemos a ilusão das aparências, sem sabermos ser verdadeiros. O que dizemos e o que fazemos não poderia estar mais distante da verdade. A vida que escolhemos para parecer não é a mesma que temos para nós. O que dizemos para os outros também não está de acordo com o que sentimos. Fingimos tanto que passamos a acreditar que somos outros. E quando isso não acontece? Quando dizemos a verdade o tempo todo e não nos acreditam, porque a nossa verdade não parece "verossímil"? Já ouvi isso de alguém que preferia a mentira mais bem contada do que a mais pura verdade, porque não sabia distingui-la da outra. Quem é verdadeiro sabe quando se diz uma mentira. E mesmo que acredite por algum tempo, depois passa a desconfiar. E o que é viver sob a égide da mentira? Nunca se sabe o que será dito. Mentiras envoltas em outras mentiras, que parecem não ter fim. E quando começamos a puxar o fio, ele se desenrola até o fim, trazendo-nos revelações que nem supúnhamos existir. Por que não dizemos a verdade de cara? O que nos incomoda tanto que ela não nos serve? Que máscara é melhor do que a verdade nua e crua, que tentamos dissimular a todo custo? Vivemos a ilusão das aparências para não revelar o que sabemos, o que sentimos e o que somos. E assim agem conosco aqueles que nos tentam ludibriar a nós e a si mesmos. Mas uma vez tirada a capa da beleza, vemos o corpo disforme da falsidade. E nunca mais conseguiremos vê-lo como belo.

Rio, 20/05/2014 - 00h12


domingo, 11 de maio de 2014

Lições de sábado 134

Ser mãe é padecer no Paraíso e depois colher todos os frutos da Árvore do Conhecimento. O esforço de uma mãe é fenomenal. Tem o instinto de proteção à flor da pele. Apenas o amor a faz superar todas as diferenças e dificuldades, quando precisa agir e salvar quem ama. As mães, por vezes, se esforçam desnecessariamente, mas todo esforço é bem-vindo. Tudo que elas fizerem não mudará o destino de seus filhos, a não ser que os conduzam, como faz esta brava indiana. Tudo que fiz me parece inútil, mas o que fiz teve bons resultados. Eu os conduzi sem precisar seguir com eles. Ensinei a direção sem obstruir o caminho. Eu dizia: "Faça". E eles faziam. Hoje é um dia ao revés para mim, porque não foi só o que fiz por eles que os ensinou, foi o que eles fizeram por mim.

Dia das Mães, 11/05/2014 - 23h17


domingo, 4 de maio de 2014

Lições de sábado 133

Corremos para encurtar o tempo, para tirar o atraso, para adiantar o serviço, para não perder a hora, para chegar mais cedo, para nos vermos livres de algo, para terminar antes. E o que damos em troca dessa economia? Deixamos de dormir mais, de descansar mais vezes, de pensar na vida, de meditar um pouco, de ouvir mais música, de passear à tarde, de tomar sorvete, de tirar uma soneca, de conversar com amigos, de ter tempo livre. O tempo não deve ser o carrasco da nossa vida, mas o tornamos o executor de nossas tarefas ao estipular prazos menores que o necessário e aceitar mais trabalho do que conseguimos cumprir. Sua vida está ociosa? Faça mais coisas. Não tem dinheiro suficiente? Arrume dois empregos. Está devendo na praça? Faça um empréstimo. Se sobrar dinheiro, viaje. Nada disso vai resolver o seu problema de tempo, pois, para correr menos entre as obrigações, deveria diminuir o ritmo e ter menos coisas para fazer. O tempo só nos cobra uma coisa: coerência, senão não vai sobrar muito dele para contar a sua história.

 4/05/2014 - 23h51