A revisão é uma arqueologia do poema. Vamos tirando por camadas e
enxergando mais fundo. Não há como ver tudo de uma vez, nem se perguntar por
quê. Há coisas que só se descobre no processo. O que pensamos no início muda no
final. Fazemos pequenas loucuras todos os dias, como continuar vivos e desafiar
o equilíbrio das coisas ao continuar nos movimentando. Estamos em contínuo
desafio às leis da natureza. Queremos ser como somos e não como querem que
sejamos. E isso é estar além do que foi pensado ou se pensou de nós. Nós que
não pensamos o que somos e somos o que somos mesmo assim. É um profundo
exercício fazer livros, sabendo que é uma atividade limite, limítrofe a todas
as outras. Vivemos apesar e sem eles. É como se existíssemos à parte de tudo
que dá dinheiro, e fizéssemos o que ninguém espera, mas mesmo assim esperam de
nós. Tenho pensado muito sobre isso, já que o tempo avança e parece desafiar o
que faço como o faço. É preciso mudar, adaptar-se, ser mais blogueira e Kéfera
para ter mídia, milhões que visualizam youtubes e coisas afins. E se nada disso
importa? E o que importa é o que somos, mesmo que ninguém saiba e não saia em
mídia nenhuma? Quando vejo editores vendendo os tubos com livros sobre economia
ou vampiros, ou qualquer outra coisa que não seja poesia, penso, deixe estar,
eu não saberia vender minha alma para esse tipo de coisa.
11/09/2016
- 16h36