domingo, 11 de setembro de 2016

Lições de sábado 260

A revisão é uma arqueologia do poema. Vamos tirando por camadas e enxergando mais fundo. Não há como ver tudo de uma vez, nem se perguntar por quê. Há coisas que só se descobre no processo. O que pensamos no início muda no final. Fazemos pequenas loucuras todos os dias, como continuar vivos e desafiar o equilíbrio das coisas ao continuar nos movimentando. Estamos em contínuo desafio às leis da natureza. Queremos ser como somos e não como querem que sejamos. E isso é estar além do que foi pensado ou se pensou de nós. Nós que não pensamos o que somos e somos o que somos mesmo assim. É um profundo exercício fazer livros, sabendo que é uma atividade limite, limítrofe a todas as outras. Vivemos apesar e sem eles. É como se existíssemos à parte de tudo que dá dinheiro, e fizéssemos o que ninguém espera, mas mesmo assim esperam de nós. Tenho pensado muito sobre isso, já que o tempo avança e parece desafiar o que faço como o faço. É preciso mudar, adaptar-se, ser mais blogueira e Kéfera para ter mídia, milhões que visualizam youtubes e coisas afins. E se nada disso importa? E o que importa é o que somos, mesmo que ninguém saiba e não saia em mídia nenhuma? Quando vejo editores vendendo os tubos com livros sobre economia ou vampiros, ou qualquer outra coisa que não seja poesia, penso, deixe estar, eu não saberia vender minha alma para esse tipo de coisa.

11/09/2016 - 16h36