terça-feira, 30 de setembro de 2014

Lições de sábado 157

O amor dá muito trabalho, principalmente as variantes do amor, ciúme, egoísmo, prepotência, ambição, todas ações do ego fingindo que ama. O ego não ama, mas pensa que ama, aí começam os problemas. Quando é amor, não há problema algum.


30/09/2014 - 19h39 


Lições de sábado 156

Traduzir não é trair. É contrair, assimilar o que de mais profundo existe na alma daquele autor e tentar dizer o mesmo em sua própria língua para que os seus entendam, não o que ele disse, mas o que quis dizer. Dizer como se falasse a sua língua.

30/09/2014 - 19h36 



Lições de sábado 155

O verão misturou-se ao inverno e salpicou rajadas de outono para começar uma nova primavera. Os verbos contraíram o cenho e disseram que não tinham nada a declarar. Por que o tempo se confunde e acelera nos melhores dos nossos dias? Não existem coincidências, nem regras para nos manter vivos por mais tempo, mas todos os dias são importantes para se fazer o melhor, sempre o melhor. Não desperdicemos minutos com bobagens. Edifiquemo-nos. Se não temos um mapa de estrelas, podemos usar um bocado de boas ideias. Sempre uma leva à outra, e só o que for verdadeiro permanece.

30/092014 - 19h28


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Lições de sábado 154

Compor um poema-matriz como outro poema-matriz, falar de uma experiência ancestral como a experiência de todos os homens, o surreal, o fantástico, saltar de uma dimensão a outra, subir uma oitava acima, elevar-se, transcender. Há dias em que tudo isso acontece ao mesmo tempo, lua nova, primavera, hoje mais do que ontem e menos que amanhã, hoje amo-te mais do que a soma de todos os dias, em progressão geométrica, potencializo ao máximo as partículas que cabem em mim e transbordam.

25/09/2014 - 1h



sábado, 13 de setembro de 2014

Lições de sábado 153

Por razões que a razão desconhece, passei horas vasculhando todas as caixas e papéis guardados na minha casa para tentar achar a sentença de separação de meus pais - que não encontrei, mas, em compensação, achei coisas que nunca vira antes, fotos nunca mostradas, porque foram tão guardadas que não entraram nos álbuns. A vida se fragmenta de tal forma que não conhecemos todas as partes. Há coisas que se perdem para serem encontradas um dia por quem nunca pensou ver aquela carta, aquela foto, aquele documento. Lados obscuros e nunca revelados da vida de meu pai. Uma anotação sobre a ex-noiva em 1946. Uma agenda de viagem com impressões de vários lugares por onde passou pelo mundo por quase 20 anos que chega até a mim com a mesma caligrafia que conheço. Coisas que não tive tempo de ver quando me mudei para Copacabana, e ficaram em duas caixas até serem remexidas ontem. Ele de braço dado com Iza no Jardim Botânico, de terno de algodão branco, ela de blusa colorida numa fotografia preto e branco. O que precisamos saber só vem no momento certo, depois de ler as cartas de Iza para papai, e descobrir por que ele se casou com minha mãe, dando causa à minha existência. Uma história de amor, ódio, mentira, traição e vingança nos anos 40. Nem João Corrêa, nem Jean Cândido Brasileiro sabiam disso quando escolheram essa época para criar a dramaturgia de "Breve anunciação", nem eu quando escrevi os poemas que formam os diálogos da peça. Mas tudo tem um propósito, mesmo que não saibamos. Depois de mais uma temporada, e de voltar à história vivida por papai ontem à noite, entendo que os mistérios só levam um pouco de tempo para se revelar, mas um dia saberemos tudo.

13/09/2014 - 19h35


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Lições de sábado 152

"The pipes of peace", música de Paul McCartney, lembra o episódio ocorrido na noite de Natal de 1914, quando soldados franceses, escoceses e alemães, fizeram uma trégua para comemorá-lo, narrada neste "Feliz Natal", escrito e dirigido por Christian Carion (2006), com atores pouco conhecidos. O momento que mais me impressionou foi terem celebrado uma missa juntos em latim, pois eram ditas assim em qualquer lugar nessa época. E ainda puderam cantar as mesmas canções em inglês, alemão ou latim. As gaitas de foles foram os elementos musicais de contato, unindo o tenor, que era soldado alemão, ao padre escocês que estava tocando a gaita. A história desses episódio é narrado como um conto. Um conto de Natal.

31/08/2014 - 00h30


Lições de sábado 151


POEMA DA TARDE

As tardes eram caóticas contrárias à direção do mar. O mar era um desses lugares onde não se podia chegar. Mas se chegava mesmo assim, de barco, ou ao abrigo das correntes. Descíamos pela encosta para ir mais além, e tudo se portava como da primeira vez: não se sabia de nada. Fingi não ter visto o que via diante de mim. Era óbvio que as horas iriam escoar para dentro do estômago, que digeria toda aquela massa como se fosse pão. O pão das horas. O cálice de vinho. A boca do pecador. Rogai por nós. Assim Deus dissipou os erros. Tornou-os malditos, mas não a nós. Nós pertencemos ao paraíso. Os outros, não sei de onde são. Fugir para dentro das ostras só faz esquecê-las. Casa, lugar comum a todas as pessoas. O elo - há quinze dias morto. Parece que foi há mais tempo. As coisas correm rápidas ou vão devagar. Aprendemos a passar.

27/08/2014 - 4h36




Lições de sábado 150

Português é a língua da alma. Da nossa alma. A língua que atravessou o Atlântico e veio fazer-nos falar. Juntou-se ao tupi, ao iorubá, ao inglês, ao francês, ao espanhol, e saiu essa mescla que nem nós compreendemos, mas sobrevive como uma das línguas menos faladas no planeta, menos que o espanhol, que o inglês, que o árabe. Nossa língua depende só de nós para sobreviver. Eu voto nela. Sempre. Sem corrompê-la. A forma que nos trouxe todos os versos e livros escritos em português. Viva a língua portuguesa! Viva o brasileiro!

26/08/2014 




Lições de sábado 149


Os dias são longos, pois não paramos mais cedo. Estendemos os afazeres num moto contínuo ininterrupto. Queremos resolver tudo de uma vez por todas quando nada se resolve assim. Sempre há um depois. Depois tudo muda e continua. Depois mudamos e vivemos de olho no que fizemos e no que iremos fazer. No que queremos fazer. A vida é sonho. O sonho mais real que já se viu.

26/08/2014