segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Lições de sábado 356



Um dos dons da vida é a amizade. O outro é a permanência. Quando conseguimos unir as duas, temos algo que poucos conhecem. “Nada é mais extremo que a permanência” escrevi no meu poema “Décima lua”, em 1983. Ignácio de Loyola Brandão destacou esse verso numa entrevista que demos juntos na televisão quando lancei meu pôster-poema que ele levou para Araraquara. O terceiro dom é a memória. Não somos nada sem nossas lembranças. E para nos lembrar, precisamos estar conscientes – se esquecemos é porque o cérebro dormiu. Os escritores são os guardiões da memória. Por isso, escrevemos, e ainda mais os editores. Por isso, publicamos. Para preservar o que é efêmero pelo maior tempo possível. O tempo, esse ilusionista.

4/02/2019 – 11h45



domingo, 3 de fevereiro de 2019

Lições de sábado 355

Sua vida vale um segundo. Em um segundo, podemos mudar tudo, acertar ou errar, virar à direita ou esquerda, dizer sim ou não. E nenhum arrependimento fará ser diferente. O que fiz, o que não fiz conta para o instante seguinte. O que deixei de fazer não poderá ser feito mais tarde. E há um momento para tudo, mesmo que não saibamos. Nossas escolhas e nossas não escolhas determinam nosso futuro, o presente a cada momento, porque o passado todos nós conhecemos. Viver o hoje é mais difícil do que sonhar. O perfeito nunca acontece, tem sempre uma peça faltando, nada melhor que um dia depois do outro com uma noite no meio, e o que parecia nunca acontecer, acontece. Nunca diga dessa água não beberei, porque pode até faltar água. E quando pensamos que já vivemos de tudo, algo novo aparece e o sonho de nunca ter nascido, de nada disso ter acontecido, de ter escolhido outro caminho, ou de estar em outro lugar não vai acontecer também. Só nos restam duas coisas: o hoje e o agora, porque amanhã sempre será daqui a pouco. 

4/02/2019 - 3h10 - Véspera de 20 anos de Rio de Janeiro.