Um dos dons da vida é a amizade. O outro é a permanência. Quando conseguimos unir as duas, temos algo que poucos
conhecem. “Nada é mais extremo que a permanência” escrevi no meu poema “Décima
lua”, em 1983. Ignácio de Loyola Brandão destacou esse verso numa entrevista
que demos juntos na televisão quando lancei meu pôster-poema que ele levou para
Araraquara. O terceiro dom é a memória. Não somos nada sem nossas lembranças. E
para nos lembrar, precisamos estar conscientes – se esquecemos é porque o
cérebro dormiu. Os escritores são os guardiões da memória. Por isso, escrevemos, e ainda mais os editores. Por isso, publicamos. Para preservar o que é efêmero
pelo maior tempo possível. O tempo, esse ilusionista.
4/02/2019
– 11h45