terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Lições de sábado 293

O que é o amor senão um pássaro que a toda hora vem cantar? Não nos deixa sossegados com seu pio constante, um canto longo, outras vezes curto, mas contínuo e insistente. E por que amamos? Amamos porque o pássaro não nos deixa até que paremos tudo que fazemos, e saibamos que o amor é livre como um pássaro e tão frágil como a dor. O amor do pássaro não sossega até que o aceitemos: ele, tão simples como é, tão simples como o amor.

30/01/2013 - 9h56



Lições de sábado 292

Só certas pessoas podem nos fazer felizes. Não basta dizer que a felicidade é interior. Quem é feliz mesmo, é feliz com alguém e não sozinho. Aí a felicidade interior sai para dar um passeio.

30/01/2017 - 12h



Lições de sábado 291

Dizer o que se sente é como nascer a cada palavra.

30/01/2017 - 10h23


Lições de sábado 290

A visão nos ajuda a crer, mas a crença nada tem a ver com a visão.

23/01/2012 


Lições de sábado 289

Existem dias que duram para sempre: aqueles que fazemos o que gostamos, que vamos onde queremos, que passamos o tempo que der com quem gostamos, sem hora para voltar, senão quando já estamos cansados. Esse é o resumo de um dia feliz. Um dia para não esquecer jamais.

31/01/2013


Lições de sábado 288

O livro porta milhares de palavras ordenadas, para dizer o que o pensamento sozinho já entendeu. Ler é trabalho dos olhos. Entender, do coração.

31/01/2017 - 17h58


domingo, 29 de janeiro de 2017

Lições de sábado 287

Deveríamos ser eternos, em nossa eterna beleza e juventude, com todo o tempo pela frente, e toda a vida por viver. Não existir passado, nem futuro, só o presente. E, nesse presente, sermos inteiros, quem realmente somos.
29/01/2017 - 15h58




Lições de sábado 286

Os filhos pródigos

Quando Vinicius disse, em seu poema, "Filhos, melhor não tê-los", estava alertando para o momento em que o filho se despede para ganhar o mundo, deixando o teto da casa paterna para aventurar-se sozinho, levando o tesouro dos ensinamentos dos pais. Levarão tudo o que aprenderam durante os anos de convívio, sejam boas maneiras, ou até o modo de reagir diante de intempéries. Não estaremos ao lado para preveni-los ou ajudá-los. Terão de se virar sozinhos. Mas, em algum momento, eles voltam, seja para agradecer ou uma simples visita. Mesmo que passe muito tempo, os filhos pródigos retornam, pródigos, porque gastaram tudo que lhes demos, seja em bens ou em conhecimento. E só podiam se valer disso. Um dia, reconhecerão o que receberam. E o filho que fica, esse que nunca nos abandona, nem por um minuto, é recompensado todos os dias, por sua persistência. Essa parábola sempre me tocou, e não poderia ser mais verdadeira. Quando Vinicius disse "melhor não tê-los", era para não termos de passar por duros momentos com nossos filhos, pois eles são capazes das maiores crueldades quando se revoltam. Mesmo que depois se arrependam. Se não os temos, nunca saberemos que eles podem também ser cruéis. Deixemos os filhos serem como são. Longe ou perto. Próximos ou distantes. A liberdade é o único preço que se paga caro. Se não nos compreendem, um dia, compreenderão. Mas devemos perdoá-los, mesmo que não entendam o nosso perdão.   

29/01/2017 - 12h15

O retorno do filho pródigo, de Rembrandt, detalhe. 

Lições de sábado 285

Somam-se os anos e a terra evolui por si mesma. Toda manhã ela se volta e sorri. Caem as folhas no solo e as árvores se despem. Vestem uma grinalda de orvalho e secam lentamente até a tarde. Um dia é isso. Um a um nos despedimos. Um de cada vez se vai antes de nós. E nós, irmãos em quase tudo, seguimos nossos destinos.

29/01/2017 - 11h26


Lições de sábado 284


É como encontrar um diamante na areia. Algo tão inusitado como descobrir-se só diante de algo que ninguém viu. O que se vive sozinho só tem valor para nós, pois a experiência é intransmissível. Por mais que digamos, nada do que se sente pode ser dito, só esboçado. Jamais as palavras bastarão. Viveremos mudos diante de um cenário indescritível.
29/01/2017 - 10h13


sábado, 28 de janeiro de 2017

Lições de sábado 283

Tudo leva um tempo a mais para acontecer. Demora o suficiente até compreendermos o que estamos fazendo. Demora até que todos os interessados estejam presentes. Demora até que as condições ideais se apresentem. Demora até percebermos que teria que ser agora e não antes que algo deveria acontecer. Tudo vem a seu tempo. Mesmo que esse tempo demore. Apesar disso, acaba acontecendo com um ar de perfeição que surpreende a todos, pois foi o tempo que levou para se preparar até ficar pronto.
Feliz Ano Novo do Galo de Fogo
27/01/2016 - 14h


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Lições de sábado 282

São longos os dias que passam. Mais longos do que antes. Longuíssimos em suas larguras, por onde os ventos sopram e ficamos como os nós entre os ramos das árvores, entretidos com as palavras que restaram nos lábios, duras nozes hoje partidas, que jazem dentro do copo. A vida se basta. E, com ela, as noites que findam.

27/01/2011




sábado, 21 de janeiro de 2017

Lições de sábado 281

Assim sonho minha sombra, sempre dançando por onde passo. Em mim, há uma bailarina que nunca pára de dançar. Ela está sempre ao meu lado, saltitando com tutu e sapatilhas. Quando me pego distraída, faço um movimento. É ela que dança quando estou esquecida.
21/01/2012 - 10h40




terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Aviso aos leitores

O livro "Lições de sábado" está disponível em http://ibislibris.loja2.com.br/6013770-Licoes-de-sabado, com os 110 primeiros textos, de 2011 a 2013. Quem quiser adquiri-lo, poderei enviar autografado. Arigatô.



Estou preparando "Lições de sábado" Vol. 2 para ser lançado este ano. Terminei a revisão e mandei para a diagramação. A imagem da capa será essa aí embaixo. É um grafitti feito em POA e registrado por Fabio Giorgi que vai publicar um livro disso.


E só para animar: o Vol. 3 já está fechado, terminei em dezembro de 2017. Assim que o Vol. 2 sair começarei a preparar o terceiro, que finalizei com 333 Lições de sábado. A capa pode ser essa, Manu, personagem real que vive conosco. Foto também de Fabio Giorgi.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Lições de sábado 280

Há um tempo de amor imenso que se abre sobre nós. Sem percebermos, esse amor nos cerca com a mesma leveza do voo das aves, planando acima das cabeças, como deuses alados. Que deuses que nos amam que não sabemos? Que deuses adoramos que não dizemos? Vênus e Marte se encontram em conjução altíssima e, em seu amor recíproco, caminham num leito de folhas, por onde as águas escorrem em direção ao mar.
11/01/2016 - 17h20

Vênus e Marte de Botticelli (Florença, 1445-1510)


Lições de sábado 279

Quando se perguntar o que está fazendo por si mesmo, lembre as horas que passa sozinho e com o que ocupa seu tempo.

11/01/2012 - 15h22


Lições de sábado 278

Serei um pássaro grave, acima da janela, a passar pela porta, um poeta que deixa suas asas presas e arredias, sem cantar ou mover-se, como uma sombra de árvore, num dia sem vento.

11/01/2013 - 15h20


Lições de sábado 277

O mundo não é propriamente meu. Eu pertenço a ele, como pertenço às coisas e às pessoas. Pertencemos a quem amamos incondicionalmente, mesmo que nada aconteça como se espera. E cada pessoa nos pertence por pertencermos a elas.

11/0/2013 - 15h17


Lições de sábado 276

Teremos mais tempo quando estivermos sozinhos, pensamos. Teremos mais espaço quando tivermos nossa casa. Iremos a mais lugares quando desistirmos das urgências. Seremos outros se tivermos a chance. O tempo que tomamos para nós é nosso. E o tempo que damos ao outro é nosso também. A proximidade nasce da amizade e das semelhanças. A longa viagem de volta ao lugar de onde saímos.

11/01/2015 - 14h38


sábado, 7 de janeiro de 2017

Lições de sábado 275

Nasci de madrugada. Por isso é tão fascinante para mim. O começo da noite é uma celebração. Para os celtas, é o começo de um novo dia. Eles contavam noites, não dias. Assim, o entardecer é a hora mais bonita, e o crepúsculo, o lusco-fusco tem a cor de azul que não se vê em lugar algum. Os fins de tarde são os momentos mais belos - assim como os amava o Pequeno Príncipe. A tarde parece não querer terminar e, no entanto, caminha para o seu fim. A manhã seguinte lava dos olhos todo breu da noite em que mergulhamos as nossas cabeças - o orvalho são as lágrimas com que nos despedimos da escuridão. Dia e noite são opostos necessários, para ver um, o outro tem que existir e o chacoalhar dos bichos noturnos dentro do coco fez com que o indiozinho o quebrasse para libertar a noite. Antes só havia dia. E Tupã, por piedade, separou-os, para tirar os homens de uma eternidade sem luz.
6/01/2012 - 13h27