domingo, 29 de janeiro de 2017

Lições de sábado 286

Os filhos pródigos

Quando Vinicius disse, em seu poema, "Filhos, melhor não tê-los", estava alertando para o momento em que o filho se despede para ganhar o mundo, deixando o teto da casa paterna para aventurar-se sozinho, levando o tesouro dos ensinamentos dos pais. Levarão tudo o que aprenderam durante os anos de convívio, sejam boas maneiras, ou até o modo de reagir diante de intempéries. Não estaremos ao lado para preveni-los ou ajudá-los. Terão de se virar sozinhos. Mas, em algum momento, eles voltam, seja para agradecer ou uma simples visita. Mesmo que passe muito tempo, os filhos pródigos retornam, pródigos, porque gastaram tudo que lhes demos, seja em bens ou em conhecimento. E só podiam se valer disso. Um dia, reconhecerão o que receberam. E o filho que fica, esse que nunca nos abandona, nem por um minuto, é recompensado todos os dias, por sua persistência. Essa parábola sempre me tocou, e não poderia ser mais verdadeira. Quando Vinicius disse "melhor não tê-los", era para não termos de passar por duros momentos com nossos filhos, pois eles são capazes das maiores crueldades quando se revoltam. Mesmo que depois se arrependam. Se não os temos, nunca saberemos que eles podem também ser cruéis. Deixemos os filhos serem como são. Longe ou perto. Próximos ou distantes. A liberdade é o único preço que se paga caro. Se não nos compreendem, um dia, compreenderão. Mas devemos perdoá-los, mesmo que não entendam o nosso perdão.   

29/01/2017 - 12h15

O retorno do filho pródigo, de Rembrandt, detalhe. 

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