Há nomes que nos seguem a vida inteira. Nomes
de pais, de irmãos, de amigos, parentes, vizinhos, até do padeiro ou
taxista. Há nomes que ficam e outros que vão. Mas há alguns nomes que
trazem toda uma explicação. Não é só uma
coincidência, é uma reverência, é um aviso, é uma anunciação. Assim é o
nome Carlos. Nome de meu pai, nome de meu irmão. Nome de Drummond. Nome
de Vereza. De Carlos Magno. Nome do rei de França que Joana d'Arc
coroou, Carlos VII. E ainda o nome do rei inglês, neto de Mary Stuart, que perdeu a cabeça,
mas a manteve erguida até o fim. Um nome com tal magnitude,
nome de príncipes, de reis, de poetas e atores, e ainda de pessoas tão
próximas, só quer dizer que é um nome sagrado - consagrado a mim, que me
foi dado antes, como um nome próprio, um nome inteiro, um heterônimo,
como outro nome em que eu me reconheça. E ao ver a repetição desse nome
em pessoas tão importantes para mim, só entendo que não é um nome comum -
como se fosse o primeiro, aquele que veio antes - e se perpetua.
Para Carlos Gurgel, poeta amado.
27/05/2013 - 22h30