O
tempo foi o tema do meu primeiro livro ensaiado aos 19 anos, "Tempo em
falso", mas nunca publicado. Alguns poemas dali foram publicados em
antologias, no Jornal Análise do Mackenzie, em coletâneas, e
impulsionaram o que eu escreveria um pouco depois, no final de 1981, que
se tornou meu primeiro livro, "Joio & trigo", lançado em 1982.
Embora o tema continue recorrente nos poemas, nunca usei esse título,
nem usei essa palavra no nome de um livro, talvez por tê-lo abandonado
quando desisti de publicar aquele primeiro livro (coisa que sempre se
tem de fazer, se queremos escrever um primeiro livro definitivo). Há
exceções à regra. Mas ter esperado por "Joio & trigo" valeu a pena,
porque não mudo uma vírgula nele até hoje. Só publiquei quando julguei
pronto e nenhuma leitura fazia com que mudasse mais nada nele. Esse é o
livro definitivo, quando não há mais nada a ser feito. Escultura
terminada. Enquanto estivermos mudando e acertando o texto, ele não está
pronto, e a pressa em publicar danifica o resultado. É preciso tempo,
aí sim, para se terminar um livro.
30/03/2014 - 13h55