Para Amadeu Duarte
Eu sigo meus impulsos. E acredito nos acasos, nas coincidências,
nos sinais que me aparecem. Tudo tem um motivo, mesmo que não saibamos interpretá-lo. Desde garota percebi que havia razões intrínsecas que eu
desconhecia para cada coisa, mas que não precisava conhecê-las. Elas poderiam se mostrar ou não, mas o importante era saber que
tudo acontecia por algum motivo, mesmo que eu não soubesse qual. O tempo corre quando estamos envolvidos em algo que nos
interessa e se arrasta quando estamos entediados. Os trabalhos levam muito mais tempo para serem concluídos, por
isso os prazos se esgotam, e flui quando estamos distraídos. Voltando a Shakespeare e aos mistérios entre o céu e a terra que
não sonha a nossa filosofia, sinto-me no reino da Dinamarca, diante de um mar
bravio. A surpresa tem o dom de nos conduzir ao abismo que vemos e nos
dar a perfeita noção de onde estamos. A realidade nos toca por imagem e por imagem vemos não o que nos mostram, mas o que percebemos. E ao fazer escolhas, conscientes ou não, estamos sempre acertando o rumo que devemos seguir.
Rio, 28/09/2013 - 12h35