segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Lições de sábado 151


POEMA DA TARDE

As tardes eram caóticas contrárias à direção do mar. O mar era um desses lugares onde não se podia chegar. Mas se chegava mesmo assim, de barco, ou ao abrigo das correntes. Descíamos pela encosta para ir mais além, e tudo se portava como da primeira vez: não se sabia de nada. Fingi não ter visto o que via diante de mim. Era óbvio que as horas iriam escoar para dentro do estômago, que digeria toda aquela massa como se fosse pão. O pão das horas. O cálice de vinho. A boca do pecador. Rogai por nós. Assim Deus dissipou os erros. Tornou-os malditos, mas não a nós. Nós pertencemos ao paraíso. Os outros, não sei de onde são. Fugir para dentro das ostras só faz esquecê-las. Casa, lugar comum a todas as pessoas. O elo - há quinze dias morto. Parece que foi há mais tempo. As coisas correm rápidas ou vão devagar. Aprendemos a passar.

27/08/2014 - 4h36




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