sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Lições de sábado 230

O que aprendemos ao ensinar aprofunda o que ensinamos. Tornamo-nos alunos de nós mesmos, ao repetir o que sabemos. Revemos o aprendido e jogamos nova luz sobre o ensinamento. O ensinamento é maior que o mestre. Revela-se novamente cada vez que é ensinado. Aprendem juntos, mestre e aluno, a absorver o que é dito, não só nas palavras, mas no silêncio da compreensão. Despertar para algo novo nos move interiormente numa direção que não prevíamos. Quantas portas se abrem ao menor movimento. Os ouvidos ouvem e a alma se mexe. Ouvimos com o corpo todo. Entendemos com o coração o que a mente aprende. Seja um poema, seja um conto ou uma parábola tem o dom de nos tirar da inércia e colocar-nos à frente, conduzindo um fato novo. Um livro é um ser, não um objeto. Ele mudamente diz o que está escrito. Contém a sabedoria do que foi escrito. E permanece entre os homens, como palavra viva depois que os lábios se cerram. Por isso são passados, de mão em mão, e se renova sua mensagem para outros ouvidos, para outros olhos que o leem. Essa a missão dos que escrevem. A missão dos livros. Levar as palavras além de seu horizonte e mover-se com a Terra, num giro infinito.

16/10/2015 - 19h08 

Reading in the Garden, 1915, Nikolay Bogdanov-Belsky 
 

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