Tomados
pelo amor, Tristão e Isolda, relutam, até o fim, para se entregar ao que o
destino lhes reservou. Um amor maior que eles mesmos, que eles aceitam e negam,
e são capazes dos maiores sacrifícios para vivê-lo. A tragédia em pleno ar. Um
não pode se sobrepujar à vontade do outro. A vontade de um tem que conter a
vontade do outro e irmanarem-se em seu afeto. A pureza dos sentidos os tira da
realidade e os devolve ao lugar onde essa entrega se realiza, muito além deles,
além de suas forças, onde eles jamais estariam se não se amassem. O que vemos
diante dos olhos foi feito para nos ludibriar. Nada é tão simples quanto parece
e tudo precede algo melhor. Se hoje não fiz tudo que queria, amanhã poderei ter
essa chance, e vivemos mais nos interregnos do que quando estamos realizando. “A
espera que é magnífica”, já disse André Breton, em seu “L’amour fou”, onde
cabem todos os gestos, principalmente os de amor. Nada sabemos, mas tudo
podemos fazer, mesmo sem conhecer a fundo todas as possibilidades. Quando não se
sabe o que fazer, não faça nada: é melhor errar por omissão. Ninguém pode
culpá-lo por não saber.
10-11/08/2013 - 19h
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