A poesia é a
primeira forma de expressão humana. Você pode não ter escrito um romance, um
conto ou uma crônica, mas todo mundo já escreveu ou já pensou ou tentou ou quis
escrever um poema para alguém, portanto, todos são poetas. E a poesia se
expande para todas as áreas. Não dá para avaliar pela TV, nem pelos punk rocks
da vida, que também são formas de expressão, embora não sejam as nossas. Um
dia, um poema dirá mais do que tudo isso. E, de toda a pilha de instrumentos
acumulados, um poema salvará a vida de alguém, como já salvou inúmeras vezes.
Não importa que não saibam hoje quanto vale. Um dia, saberão, quem tiver de
saber, porque os que não souberem não precisarão de poemas. Se você solta um
poema, ele volta com um agradecimento. Alguém que precisava lê-lo, leu. E isso
é a única coisa que importa. A poesia fica. Não nós. Somente a poesia. O
primeiro texto escrito foi um poema. Por uma mulher, uma sacerdotisa à deusa
que ela venerava. Isso já basta para saber que o que fizermos vai ficar para
alguém um dia encontrá-lo.
CANÇÃO A INANNA
Enheduanna (ca.
2300 a.C.)
Na frente de
batalha,
vences todos os
inimigos -
Ó dama alada,
como um pássaro
aras o terreno.
Como uma
tempestade que se
aproxima
atacas, como um
trovão
trovejas,
lanças teus
raios,
sopras no vento
alvoroçado.
Teus pés avançam.
Carregando tua
harpa cheia de
suspiros,
exalando uma
melodia de luto.
Enheduanna
(ca.2300 a.C.) é a primeira autora a ser identificada na literatura. Filha do
rei sumério Sargon (cujos domínios ficavam no que hoje corresponde ao sul do
Iraque), era a suma sacerdotisa do deus e da deusa da Lua, Nanna e Inanna.
Alguns dos hinos de Enheduanna sobreviveram em tábuas em escrita cuneiforme, e
seu retrato foi encontrado num disco de calcário durante as escavações na
cidade de Ur.
22/09/2017 -
12h28
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