quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Lições de sábado 366


Meu avô, Trajano de Barros Camargo nasceu em Limeira, em 15 de março de 1890. Seus pais era Flamínio Ferreira de Camargo e Cândida Virgínia de Barros. Foi o sexto de dez filhos e herdou do pai a determinação e a capacidade de se antecipar ao seu tempo. Estudou como interno na Escola Americana, em São Paulo, hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde se formou em Engenharia Civil, aos 19 anos, em 1909. No início de 1910, ingressou na University of Wisconsin na cidade de Madison, nos EUA, para cursar pós-graduação em Mecânica Industrial. Nessa universidade, fez parte da Orquestra Sinfônica como flautista e foi o responsável pela primeira execução do Hino Nacional Brasileiro nos Estados Unidos.
Em novembro de 1910, devido ao falecimento de seu pai, o Coronel Flamínio, foi forçado a retornar ao Brasil sem concluir a pós-graduação. A partir de 1911, dedicou-se ao comércio e indústria de madeira num povoado chamado Faxina de Itapeva, SP, hoje Itapeva, além de lecionar Matemática na Escola Agrícola Luiz de Queiroz, em Piracicaba.
Em janeiro de 1914, juntamente com dois sócios, fundou a empresa Souza Penteado & Cia., em Piracicaba, uma indústria de máquinas de beneficiamento de café, Abelardo Aguiar de Souza e Antonio Augusto de Barros Penteado, seu cunhado. Casou-se, em fevereiro desse mesmo ano, com Maria Thereza da Silveira Mello. Em 1917, com a saída de Abelardo Aguiar, a indústria, já denominada B. Penteado & Cia., foi transferida para Limeira.
Com a transferência, Trajano Camargo regressou a Limeira com a esposa e três filhos, vindo a residir, com a mãe viúva, na casa da chácara que fora construída pelo seu pai (que foi sede da Secretaria de Educação de Limeira, ao lado do Zoológico Municipal). Ao atirar um grão de café contra a parede com um bodoque, Trajano percebeu que isso provocava a liberação da casca. Assim, concebeu o primeiro descascador de café por impacto do Brasil. Trajano de Barros Camargo descobre um método para separar os grãos da casca do café que revolucionaria a indústria e igualmente o beneficiamento cafeeiro.
Nessa época, desenvolve a primeira máquina compacta para descascar café, através do processo de choque, com peneiras e ar para soprar as cascas, separando-as do café descascado. Até então, eram necessárias cinco máquinas para fazer o mesmo serviço. A indústria passou a se desenvolver mais ainda depois que ganhou a Medalha de Ouro na Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Para Limeira, deu uma das indústrias mais importantes do país na época, a Machina São Paulo, capaz de reunir, já no início do século, um quadro de 500 funcionários, em 30 mil metros quadrados.
Faleceu de câncer, em 8 de abril de 1930, deixando a viúva e sete filhos. Seu legado para Limeira é incomensurável. Nesta foto, de 1925, cinco anos antes do seu falecimento, o vemos com quatro de seus filhos, Nelson, Flávio, Trajaninho e Prudente, e ao lado da mãe, D. Cândida. Encontrei a foto em outro envelope, separada das que havia encontrado anteriormente numa caixa que pertencia a Tio Trajaninho. Uma grande família com uma grande história que precisamos contar entre nós.

18/12/2018


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