sábado, 8 de agosto de 2020

Lições de sábado 372

Aos 100 mil mortos por Covid-19, não sabemos onde isso nos levará. Hoje tive um sonho distópico. Explicavam-me passo a passo como seria essa nova realidade. Embora eu não me lembre nem um pouco do que foi dito, meu sonho tinha sensação de realidade. Tínhamos que se seguir certos "protocolos". Ninguém estava livre de contágio. Ninguém podia fazer o que lhe desse na cabeça. O momento era plúmbeo. Embora uma voz me dissesse tudo o que eu deveria fazer, eu ainda tentava compreender o que estava acontecendo. 

Meu esforço foi em vão. Acordei pensando que não tinha sonhado. Que tinha tido uma visão de futuro. Mas que visão era essa que eu não conseguia entender? O subconsciente submergiu novamente sem me dizer mais nada. 

Há mistérios que são insondáveis. Há momentos que são inesquecíveis. Vivemos mais quando estamos atentos e ao mesmo tempo distraídos. Sabemos sem saber. E ao perceber que tudo está dando certo mesmo em meio ao pandemônio, entendemos que nada foi inútil ao longo do caminho. Tudo serviu a uma boa causa, mesmo que a causa fosse desconhecida. Por isso as paralelas se encontram no infinito. Porque lá na frente os desígnios serão revelados. Os motivos serão expostos, e todos saberão finalmente por quê. 

O que nos faz seguir em frente não são os objetivos, mas continuar tentando. O objetivo pode mudar a qualquer momento, e fazemos aquilo que não esperávamos, por só ser revelado no último instante. 

Quando pensamos retrospectivamente no que aconteceu, tudo parece se encaixar, e os propósitos estão todos claros. Mas quando se vivia aquilo, não se sabia que daria certo. Trabalharam para que desse certo, porém circunstâncias muito especiais fizeram com que tudo funcionasse.

Não sabemos hoje onde tudo nos levará. Como meu sonho distópico, eu não sei como ele termina, e desconheço sua natureza. Não somos mais os mesmos depois dessa pandemia. Nunca voltaremos ao normal. O normal não existe mais. Teremos saudades de um tempo em que não sabíamos que corríamos tanto perigo. 

Acordei hoje para o caos: 100 mil mortos nos perguntam por quê. 

Rio de Janeiro, 8 de agosto de 2020 - 14h  



 

  

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