sábado, 5 de abril de 2014

Lições de sábado 129

Os momentos de dor e sofrimento são momentos de morte e renascimento. Morre um pouco em nós o que fomos por tanto tempo e temos de abrir mão para prosseguir. Mesmo confundidos pela dor que nos faz olhar para o que nos aflige, buscamos um sentido maior, de por que temos de passar por coisas que não desejamos. Se o sofrimento é útil para termos uma visão maior, um horizonte mais largo, um entendimento mais profundo de tudo, tudo que sofre está passando por uma purificação, mesmo que o resultado não seja a sobrevivência. Não vivemos para sempre. Então as superações também são temporárias. "Em tempos obscuros, os olhos começam a ver", escreveu Theodore Roethke no primeiro verso de seu poema "The taste of self", ainda não traduzido. Quando assistimos ao sofrimento alheio, e vemos como eles superaram os seus problemas, não aprendemos por osmose. Por mais que nos surpreendam os caminhos escolhidos, aquele era o único que entenderam possível. Até a morte, que também é passageira. Buscamos a permanência e ela não existe no plano físico. Aqui a dor diverge do que parece eterno. Mas se, para enxergar melhor, tenho de deixar de ver, qual a escolha para meu aprimoramento? A arte mostra o resultado de sofrimentos extremos: Aleijadinho, Van Gogh, Mozart, Beethoven. Superar a dor, qualquer dor, nos aprimora. E a maior beleza, a grande beleza, está onde houver a maior dor, a maior renúncia, o maior desprendimento. 

Sábado, 5/04/2014 - 13h45



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