sábado, 19 de julho de 2014

Lições de sábado 142


A lição mais difícil vem dos nossos pais e dos nossos filhos, quando somos obrigados a tomar rumos e decisões que não queríamos, abrir mão de nós mesmos quando não podemos, e deixar verter a última lágrima porque não compreendemos a difícil missão de amar aqueles de quem viemos e de quem veio através de nós. Freud preocupou-se com esses relacionamentos caros, tão tempestuosos quanto ardilosos, em que qualquer falha não pode ser desfeita. Temos uma única chance para acertar e todas para errar. E por mais que tentemos evitar precipícios, eles se lançam sob nossos pés desde o primeiro passo. Amar os que nos amam sem a crueza das relações mais íntimas, dos extremos que não desejamos, e dos gestos corrompidos pelo cansaço. O mais difícil é permanecer íntegro, coerente com o coração que entende que fez tudo para que desse certo, e mesmo não dando, não desistir de suas escolhas. O arrependimento é inútil. E a única redenção é aceitar o que não se quer. A lição mais difícil vem da mãe e do pai que erraram ao se esquivar do amor que deveriam dar e não deram, e dos filhos que exigem um amor incondicional sem qualquer temperança. Não há coração que resista a tantos encargos. Sofremos com ele e levamos toda a vida para compreender o incompreensível. 

19/07/2014 - 22h27
Rembrandt, "A noiva judia"




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