quinta-feira, 29 de março de 2018

Lições de sábado 344

Eu tinha seis anos e meio de idade em março de 1964, e assisti, junto com meus pais, o desenrolar dos acontecimentos que se precipitaram no 1o. de abril, com o exílio de Jango e a saída de todos os políticos do cenário brasileiro de então. Sobrevieram 20 anos de ditadura militar, que só se desfez com a Abertura em 1984, quando retomamos o governo civil no Brasil. O país sempre viveu entre golpes, tendo começado sua República com uma quartelada, promovida por um ciumento Deodoro. Depois foi a Revolução de 30, o Estado Novo de 37, a renúncia de Getúlio em 45, a eleição em 50 e o suicídio em 54. Os anos que se seguiram deslizaram entre o ufanismo e a galhofa, mas foram os anos dos 50 anos em 5. Nasci no governo JK, mas logo depois Jânio Quadros tentava outro golpe que não deu certo, com uma carta de renúncia que não deveria ter sido usada. Como um bilhete de suicídio que não deveria ter sido lido. Saltamos para os anos 90, quando Collor traiu seus eleitores descontando uma nota promissória alta. Caiu em dois anos de governo. Seu oponente, Lula, usava caneta BiC e não a Montblanc de Collor, mas foi mais longe em sua ambição política. O que vemos agora é o desmantelar das estratégias usadas para ascender ao poder e perpetuar-se como líder entre as massas. Um bufão em causa própria. Dilma nem é protagonista. É atriz coadjuvante de um circo armado em Brasília. Vejo os deputados na Comissão Especial de Impeachment se debaterem por "questões de ordem", falando um português acidentado. O desembarque do PMDB me lembra o Dia D, o desembarque na Normandia, quando Hitler começou a perder a Segunda Guerra. Não queremos golpe, mas o Brasil vive de golpes, contra o bom senso, contra a economia, contra os cidadãos. Não é preciso ser político para entender que algo vai muito mal. E assistir a essa novela só nos deixa cada vez mais perplexos e apreensivos, porque não temos as sinopses dos próximos capítulos. Vivemos um momento histórico como todos que já aconteceram, só que este é agora. Meu pai foi diplomata, minha avó deputada estadual constituinte de 34, meu tataravô presidente da República de 1894 a 1898. A História do Brasil não pode ser tratada como se fosse utensílio de segunda mão. Vivemos um momento grave e só sairemos dele com muita seriedade e tino.

29/03/2016 



Um comentário:

  1. A gente sobrevive de sopapo a sopapo a desintegração da soberania Brasileira.

    Sou Brasileira, sem ufanismos porém realista com toda galhofa que estamos vivendo sobre quem tem um pouco de noção e juízo na massa cinzenta e branca.

    Vivemos dentro do Brasil a própria galhofa após 1 ano de um "novo Brasil" com o Bolsonaro fazendo besteiras e sem um staff por trás.
    Temo um 3o impeachment minha amiga.
    Estou com medo na atualidade. Bjocas.

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