Tomados
pelo amor, Tristão e Isolda, relutam, até o fim, para se entregar ao que o
destino lhes reservou. Um amor maior do que eles mesmos, que aceitam e negam, e
são capazes dos maiores sacrifícios para vivê-lo. A tragédia em pleno ar. Um
não pode se sobrepujar à vontade do outro. A vontade de um tem que conter a
vontade do outro, e irmanarem-se em seu afeto. A pureza dos sentidos tira-os da
realidade e devolve-os ao lugar onde essa entrega se realiza, muito além deles,
além de suas forças, onde jamais estariam se não se amassem. O que vemos diante
dos olhos foi feito para nos ludibriar. Nada é tão simples quanto parece e tudo
precede algo melhor. Se hoje não fiz tudo que queria, amanhã poderei ter essa
chance, e vivemos mais nos interregnos do que quando estamos realizando.
"A espera que é magnífica", já disse André Breton em seu
"L'amour fou", onde cabem todos os gestos, principalmente os amorosos.
Nada sabemos, mas tudo podemos fazer, mesmo sem conhecer a fundo todas as possibilidades.
Quando não souber o que fazer, não faça nada: é melhor errar por omissão.
Ninguém pode culpá-lo por não saber.
18/11/2012 - 14/05/2019
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