sexta-feira, 14 de junho de 2019

Lições de sábado 361

Mais um Bloomsday
James Joyce passou a oferecer jantares todo 16 de junho para comemorar a efeméride literária de "Ulysses", fazendo leituras de trechos de seu livro, que começara a escrever na Itália e terminou quase dez anos depois, em Paris. Sylvia Beach, dona da livraria Shakespeare and Company, localizada na Rîve Gauche, resolveu editar o livro que era publicado em capítulos num jornal americano. Ela conseguiu reunir todas as partes do livro, comprando-as do editor, e empreendeu o esforço máximo de fazer a edição de um livro em inglês na França, remetendo os capítulos para Marseille, único gráfica que aceitou imprimir um texto que eles não sabiam ler. As provas vinham de trem, que ela diligentemente ia buscar e levar para Joyce. Ele reescreveu um terço do livro enquanto fazia isso. Como Joyce era aficionado por datas e números, ela conseguiu que o primeiro exemplar ficasse pronto no dia do aniversário de 40 anos de Joyce, em 2/02/1922, quando entregou, feliz e sorridente, o livro de capa verde ao autor irlandês. James Joyce foi o único escritor publicado por ela, pois ela se interessava apenas pela obra dele e não em ser editora. Além de "Ulysses", Beach publicou "Pommes pennyeach", um pequeno livro de poemas escrito que foi depois. Cada livro tem sua história, e a história de "Ulysses" aproxima-se de uma saga, pois, depois de imprimir a primeira edição, que ela vendeu antecipadamente com reserva de exemplares, teve toda a remessa que fez aos EUA queimada, pois o livro fora considerado pornográfico. A partir daí, passou a enviá-los para o Canadá para serem contrabandeados pela fronteira para o território americano. Fascinam-me essas histórias de livros e como eles sobreviveram às intempéries, ao fogo, ao calor e exagero humano.

14/06/2019 - 18h25




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