segunda-feira, 30 de junho de 2014

Lições de sábado 140

Como no Eclesiastes, para tudo há um tempo, um tempo de espera, um tempo de colheita, um tempo de semear. De todos esses tempos, vivemos constantemente às voltas com todo tipo de problema, questões e posicionamentos. E palavras. Há um longo tempo de espera para os retornos. O retorno de Júpiter, o retorno de Saturno, Urano e Plutão, o retorno dos dias que não voltam mais, mas nos seguem em procissão. As mudanças repentinas, as longas viagens, as ausências, as presenças, as constâncias e inconstâncias, os esquecimentos e as lembranças, artifícios da memória, os sonhos, os pesadelos, os infernos e paraísos. Tudo se edifica e se destrói continuamente. Então, reconstruo. Arrancadas as raízes das antigas semeaduras, replantamos a floresta. E os laços, os vazios, os abraços nunca serão esquecidos, embora o corpo permaneça sozinho. E nenhuma presença reconstituirá o que se foi. Vivemos apesar de todas as circunstâncias e não somos senão testemunhas de nós mesmos, arremedos de seres sem motivos. Inventamos nossas próprias provisões. Inventamos a história que criamos a partir do que foi deixado para nós. Escutemos os antigos e os novos. Escutemos as repetidas palavras que são ditas a esmo. Façamos outras histórias para que sempre possamos contá-las. E ao ouvi-las teremos aprendido algum sentido para nós.


27/06/2014 – 21h03 / 30/06/2014 – 1h12


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