sábado, 4 de julho de 2015

Lições de sábado 214

Mário que se conhece Andrade
Há muitas coisas para se dizer sobre Mário de Andrade, além de ter promovido a Semana de Arte de 1922, sendo o músico e escritor que era, além de poeta afiado, crítico e missivista contumaz. Sob seus olhos, não escapava nada. Para tudo ele tinha um comentário, um adendo, uma opinião e um conselho, principalmente aos mais jovens. Amigo de Prudente de Moraes, neto, conhecido no meio jornalístico como Pedro Dantas, ou para os amigos apenas como Prudentico, reservou a este toda a atenção que o tempo lhe dispôs durante o período em que morou no Rio de Janeiro, companheiro de copo e de samba. Foi por causa dele que Prudente perdeu o maior furo da História, no dia da morte de Mário de Andrade, quando, ao final do périplo de bares, na Taberna da Glória, bebendo em memória do amigo, fazendo o mesmo percurso que costumavam fazer juntos, Prudente ouve um oficial americano se gabar de uma arma potente que podia arrasar uma cidade inteira, que tinha a luz do sol, e cabia bem na sua mão... Prudente já estava bêbado demais para abordar o americano e arrancar dele a história que ele sabia, em 25 de fevereiro de 1945. Somente no dia 6 de agosto, quando caiu a bomba em Hiroshima, Prudente entendeu a que o oficial se referia. Mas, por causa da tristeza em que se encontrava, além do seu estado alcoolizado, não pôde dar o furo sobre o ataque da bomba atômica, definido exatamente no mês em que Mário de Andrade morreu.
4/07/2015 - 22h04


"Retrato de Mário de Andrade", de Cândido Portinari (1935). Portinari o retratou como ele era, o que não vemos nas fotos, com a pele mulata.



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