domingo, 14 de dezembro de 2014

Lições de sábado 172

Quando pensamos amar, não amamos realmente. Aceitamos a superficialidade do amor como o amor total, quando ele não se entrega, nem se satisfaz. O amor que não beija, nem toca, não é amor. E, no entanto, ele se sustenta, como se pudesse existir, intocado. Substituímos a plenitude do amor por suas miragens, o que pensamos ver e julgamos suficiente. As distorções do amor são aparências feitas para nos enganar, que acreditamos estarem enraizadas no amor, quando os frutos que colhemos são amargos. Tanto se faz e se diz em nome do amor. Mas esse amor imperfeito, afeito a condições e subterfúgios, nunca se realiza, mesmo que aparentemente esteja ali. E tudo que pensamos dele não é sua incompletude, porém somente aquilo que imaginamos que se realizou. Amar não exige forma, mas tem seus modos. Não exige presença, mas está presente. Nunca se exime, pois é a única realidade que se dá a conhecer. Não se pode ter, mas sentimos em nós, como se fizéssemos parte dele. Buscamos o amor na ilusão do amor, e não em sua inteireza, pois para estar inteiro não podemos vê-lo. Assim como Eros que não se mostrava a Psique. Confiar no amor sem ver é um salto no escuro e, no entanto, vemos sem nossos olhos. E o que vemos e sentimos não podemos descrever.
13/12/2014 - 22h12 


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